No drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• AIpocalypse: o impacto da chinesa DeepSeek

• Primo (muito) Rico: chega na Faria Lima

• Vovô trader: um olho no bolo, outro no broker.

• Ray Dalio: como os países vão a falência

Por aqui, o Ibovespa seguiu o caminho contrário do mercado americano e fechou próximo da sua máxima do dia, subindo quase +2% e batendo a barreira dos 124k pontos pela primeira vez no ano. O fechamento da curva de juros e uma rotação entre os emergentes ajudou a impulsionar os ganhos por aqui. Os destaques ficaram para as ações domésticas, como o setor de varejo. Amanhã teremos a reunião do Copom, a primeira sobre o comando de Gabriel Galípolo e a expectativa é do cumprimento do guidance da reunião anterior: aumento de +1% na taxa de juros, chegando em 13,25%

Lá fora, bateu o desespero no mercado americano depois do lançamento da DeepSeek. O índice Nasdaq caiu -3% e as ações da Nvidia bateram o recorde de maior perda de valor em único dia na história do mercado americano. Amanhã começa a divulgação de resultados das big techs com Meta e Tesla. Na quarta também acontece reunião do FOMC e a expectativa é pela manutenção da taxa de juros entre o intervalo 4,25%-4,50%.

Na mesma semana que o presidente americano anunciava uma iniciativa de U$500 bilhões em inteligência artificial, o Project Stargate, uma pequena startup chinesa, a DeepSeek, ignorava os embargos americanos e lançava um modelo de IA que bate de frente com os caríssimos modelos americanos. O contraste entre o Oriente e o Ocidente na corrida por IA chocou o mercado americano de ações e apagou ~U$2 trilhões de valor.

• Nvidia: quebrou mais um recorde, registrando a maior perda diária de capitalização de mercado da história. Foram -U$590 bilhões em 24h.

• AMD, TSMC, Arm, Broadcom e Supermicro: as demais ações ligadas ao setor de chips semicondutores também seguiram a queda.

• Constellation Energy, Oklo, Vistra, Vertiv Holdings: as ações do setor de energia e resfriamento de data centers, também caíram +20%

• Tesla, Palantir e Microsoft: as big techs investindo pesadamente em IA também seguiram o bonde.

A empresa disse que seu modelo foi desenvolvido em apenas 2 meses, versus os anos levados pelas americanas. O desenvolvimento custou apenas U$5,6 milhões, comparado aos U$78 milhões que custou para treinar o ChatGPT-4 da OpenAI ou os U$191 milhões necessários para treinar o Gemini Ultra do Google – sem mencionar o U$ 1 trilhão que VCs e outros investidores estão para investir em startups de IA.

Apesar das incertezas, o mercado tenta entender a lógica aplicada na indústria de IA ainda para de pé: Quanto tempo é necessário? Quantos chips e servidores? Quanta energia? Quanto poder computacional? E enquanto a resposta não chega, o valor das ações não espera!

• Demanda Minério: entre 2000 e 2020, a China consumiu o dobro de minério que os EUA no século 20. Desde então, a fome parece ter acabado. Já são 4 anos de produção em queda e a tendência é continuar em declínio.

• Galpões Logísticos: A região metropolitana de Vitória está prestes a ganhar o maior condomínio de galpões logísticos do Brasil, com cerca de 620 mil m² de área bruta locável. A construtora Private vai investir R$2bi ao longo de 4 anos para colocar o projeto em pé.

• Suzano: vai implementar novos aumentos nos preços da celulose de eucalipto (fibra curta). Na Ásia, o valor da tonelada será corrigido em US$20. Já na Europa e na América do Norte, o aumento será de US$60 por tonelada. Em dezembro, a companhia já havia anunciado aumentos de US$20 por tonelada na Ásia e de US$100 na Europa e na América do Norte.

O Primo (muito) Rico chega a Faria Lima

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Thiago Nigro já está com a camisa azul e o coletinho patagonia separados para inaugurar seu primeiro escritório no condado da Faria Lima. Serão 800m² no coração financeiro da capital paulista, o Itaim Bibi, em um movimento estratégico para consolidar sua posição no mercado de investimentos e mostrar que, apesar de ter nascido no universo digital, o Grupo Primo Rico está jogando em alto nível no mundo real.

De garçom a marido de ex-bbb um dos maiores influenciadores financeiros do Brasil, o Grupo hoje consiste de um ecossistema completo, com uma audiência de 40 milhões de pessoas por mês, que vão de educação financeira até a gestão de ativos. Entre as principais marcas estão:

• TopInvest: líder na formação de profissionais do mercado financeiro, responsável por cerca de 60% das certificações no setor.

• Portfel: consultoria financeira que já tem 450 consultores cadastrados

• Grão: a gestora de investimentos, com fundos de Renda Fixa, Previdência e Crédito Privado

• Finclass: a plataforma de educação financeira de base para investidores iniciantes.

O grupo dobrou a sua receita desde 2021, chegando em R$250 milhões, sendo que a frente de investimentos é a principal fonte de receita do grupo. As duas empresas (Portfel e Grão) mais que dobraram de tamanho ano passado, chegando em R$9bi e com projeção de terminar o ano em R$20bi.

• Grão: chegou em R$1,3 bi sob gestão

• Portfel: R$7,4 bi sob consultoria, com 12 mil clientes.

• Finclass: bateu a marca de 120 mil assinantes

• Topinvest: chegou em 210 mil alunos - junto com o curso de graduação.

A sacada de mestre do Primo Rico foi diversificar as fontes de receita do Grupo. Em 2022, apenas 12% da receita total era diretamente vinculada à imagem de Nigro. Hoje, com 20 marcas próprias e mais de 200 milhões de seguidores nas redes sociais, o grupo se tornou uma máquina que vai muito além da presença de seu fundador. Com a meta de triplicar os ativos sob gestão nos próximos anos, o Grupo Primo está pavimentando um caminho para se tornar referência em um mercado que até pouco tempo era dominado apenas por bancos e plataformas tradicionais.

⬆ MGLU3: Magazine Luiza foi a principal alta do dia, em +10,05%, fechando em R$7,01. A varejista possui uma correlação forte com as taxas de juros e performou bem com as quedas dos juros no pregão.

⬆ BEEF3: Minerva fechou na sua máxima do dia, em 4,88 com uma alta de 9,91%. Ainda assim a empresa continua negativa no ano, caindo -4,13%, depois de já ter caído 31,86% em 2024.

⬆ ASAI3: Assaí foi a terceira maior alta do dia, em +7,64%, fechando em R$6,62. Está circulando notícias que os herdeiros do empresário Abílio Diniz estariam decididos a se desfazer da participação que detêm em CRFB3 e isso está mexendo com o setor.

⬇WEGE3: Weg foi um dos poucos papéis do índice que teve queda, em -7,88%, a R$53,31. Após 6 altas seguidas, essa queda devolve quase todos os ganhos do ano, puxada pelo pânico causado pela DeepSeek. O Itaú BBA acha que a queda foi exagerada e segue com recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 67.

⬇EMBR3: Embraer caiu -2,97%, fechando em R$59,16. A empresa, que recebeu aprovação de um financiamento de R$2.2bi do BNDES, ainda acumula alta de 5,29% este ano, depois de subir 150,96% no ano passado.

⬇RADL3: antiga Raia Drogasil, caiu -0,38%, em R$20,70, com a notícia de que o setor de supermercados pediu uma autorização ao governo para vender medicamentos sem prescrição médica.

Vovô trader: um olho no bolo, outro no broker.

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Se na sua próxima ida a casa da vovó ela não oferecer o bolo de cenoura de café da tarde, as chances são de que ela esteja ocupada demais comprando e vendendo ações no homebroker. A crescente participação dos idosos no mercado financeiro pode impactar muito mais que os quadros do programa da Ana Maria Braga. De acordo com uma análise da Rosenberg Research baseada em dados do Federal Reserve:

• Faixa etária +55 anos: aumentaram a participação de 60% para 80%.

• Faixa etária 40-54 anos: diminuíram a participação de 30% para 15%.

• Faixa etária +70 anos: estão com 30% do mercado de pessoa física.

Mas diferente dos jovens que, com um horizonte de vida mais prolongado, conseguem suportar uma queda repentina nas ações e esperar pacientemente pela recuperação, os mais idosos possuem um conceito diferente de longo prazo, já que estão próximos ou dentro da aposentadoria e optam por minimizar riscos e preservar patrimônio (menos ações e mais títulos ou dinheiro em caixa).

Apesar de a concentração de ações nas mãos de investidores idosos ser relevante, os investidores institucionais ainda dominam a maior parte do mercado. Bancos, fundos de pensão, e grandes gestoras de ativos também têm um papel fundamental no equilíbrio do mercado e podem atuar como amortecedores em tempos de volatilidade.

Mas, da próxima vez que você ouvir sobre um possível sell-off no mercado, lembre-se: o risco pode estar no bolo que a vovó está tirando do forno enquanto clica em “vender” no homebroker.

PS1: Falando em sell-off, a Lisa Shalett, CIO do Morgan Stanley, escreveu 5 pontos sobre a importância de diversificar o patrimônio neste momento.

• Japão: Inflação chega às máximas dos últimos 16 meses e BC aumenta taxa de juros para 0,5% y/y.

• Emergentes: estão enfrentando uma “parada repentina” dos fluxos de capital

• Políticas Monetárias: essa semana temos decisões no Brasil, EUA, Canadá, Europa, Chile, entre outros

• Cingapura: flexibilizou a política monetária pela primeira vez desde a Covid

• Bancos europeus: pagarão US$130 bi aos acionistas pelo segundo ano consecutivo

• Hedge Funds: setor de fundos atingiu $4,5 tri sob custódia em 2024

• Bangladesh: contrata as Big4 de auditoria para analisar bancos “roubados”.

Como os países vão a falência, por Ray Dalio

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Semana passada, discutimos o memorando de Howard Marks, no qual o investidor reflete sobre bolhas financeiras e o estado atual dos mercados. Agora, quem entrou na conversa foi ninguém menos que Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, um dos maiores hedge funds do mundo, com mais de US$150 bilhões sob gestão, que resolveu dar os seus 12 centavos sobre o assunto:

Big Techs: estão caras, infladas e em um momento semelhante ao mercado de 1998, período anterior à bolha dot-com. Apesar de serem empresas fantásticas com futuro promissor, elas estão caras e com muito risco.

Condições econômicas: se os juros dos títulos de 10 anos continuarem subindo, como ele espera, as ações de techs podem ser fortemente impactadas. Nesse momento ele comenta a importância da diversificação.

Além de falar sobre mercados, Dalio aproveitou para anunciar o lançamento de seu novo livro, How Countries Go Broke, previsto para setembro deste ano. O livro analisa os padrões e características que levam países à falência. O alerta central?

Segundo Dalio, sinais de alerta geralmente aparecem antes de um colapso total. Alguns deles incluem:

• Deterioração da relação dívida/receita: atualmente a dívida do governo americano está em 580% da receita anual e deve subir para 730% nos próximos 10 anos.

• Juros sufocantes: com um déficit primário de 15%, cerca de 20% da receita anual americana já está comprometida apenas com o pagamento de juros da dívida.

Como solução, a proposta que Dalio sugere:

• Reestruturar as dívidas e estender os prazos de pagamento

• Aumentar a emissão de dinheiro

• Recompra de títulos pelos Bancos Centrais

Embora ele tenha se concentrado nos EUA, suas análises soam como um espelho para muitas economias emergentes – incluindo o Brasil. Aqui, a relação dívida/PIB também segue uma trajetória preocupante e o peso dos juros sobre o orçamento público é um desafio crescente. A mensagem que Dalio nos deixa é clara: preços elevados, dívidas crescentes e euforia de mercado não andam juntos sem consequências.

PS1: O livro The Fund conta a controversa história de Ray Dalio.
PS2: O crescimento dos lucros das Mag-7 vêm caindo nos últimos quarters

• Ambev: a inflação dos custos causou 2 downgrades, do Citi e do Santander.

• Goldman Sachs: aumentou a remuneração do CEO, incluindo um pacote de bônus de $80 mi

• Usiminas: Usiminas capta $500 milhões a 7,75%

• JHSF: levantou R$733 mi com reciclagem de portfólio do shoppings e agora mira em Clubes de Esportes

• UnitedHealth: nomeia Tim Noel como CEO após assassinato de Brian Thompson.

• Real Madrid: foi o primeiro time de futebol a chegar na marca de 1 bi EUR em receita em uma temporada (2023/2024)

• NuBank: estuda nova sede em São Paulo - mas não será na Faria Lima

• MRV: volta a gerar caixa e as vendas líquidas batem recorde em R$10 bi

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