💰 Broadcom: não é déjà vu, é mais um "surpreende, mas não agrada"

Bom dia Droppers,

Pensei no chuveiro: A IA pode parecer futurista, mas, no fundo, é tão avançada quanto os semicondutores que usa. Por mais inteligente que pareça, ela ainda é regida pela mesma matéria bruta: é só um punhado de areia sendo obrigado a pensar.

Um Giro pelo Mercado

O mercado é curioso: Às vezes, o Ibovespa anda na contramão do que acontece lá fora, tipo aquela sensação gostosa quando você olha pra pista ao lado e tá tudo engarrafado e você na boa. Hoje foi um desses dias. O exterior teve um dia conturbado, mas por aqui, a história foi outra.

O que rolou? O Ibovespa avançou 0,29%, desafiando a queda das commodities. O destaque ficou para a Light, que disparou quase 40% com um possível acordo com credores. Enquanto isso, a Azul caiu após a BlackRock reduzir participação. Nos EUA, os dados de emprego fracos deixaram as bolsas com resultados mistos.

Mas por que? Os péssimos dados de emprego nos EUA abriram espaço para apostas em cortes de juros por lá. E aí o Brasil se tornou, mais uma vez, um destino atrativo para o dinheiro gringo. Além disso, notícias locais, como o possível acordo da Samarco, acenderam o interesse por ativos brasileiros.

A Broadcom superou expectativas no terceiro trimestre fiscal de 2024, mas decepcionou com previsão de vendas abaixo do esperado (14 bi, abaixo do consenso de $14,1 bi). E não, não é déjà vu, é mais um caso de “superou, mas não o suficiente pra agradar o mercado”...

O que: No terceiro tri, a Broadcom registrou uma receita de $13,07 bi, um aumento de 47% em relação ao ano anterior, impulsionada pela aquisição da VMware. A receita de semicondutores, que inclui produtos voltados para IA, subiu 5% no trimestre. Só que o resultado acabou virando prejuízo líquido por uma provisão tributária de $4,5 bi, relacionada à transferência da propriedade intelectual da VMware.

E agora? A Broadcom é ator-chave no mercado de infraestrutura de IA, fornecendo componentes essenciais para empresas como Google e Meta. O crescimento previsto em IA solidifica esse potencial.

No lado negativo, a AT&T entrou com uma ação contra a empresa, alegando que a Broadcom não cumpriu contrato da VMware. A disputa envolve a transição da Broadcom para assinaturas, que a AT&T alega ser um modelo desnecessário e caro. De quebra ainda está lidando com acusações de práticas anticompetitivas e monopólio.

Os investidores também devem ficar atentos à desaceleração em outras áreas e ao impacto de grandes aquisições, como a da VMware. O desempenho da empresa depende diretamente da expansão contínua da IA.

O que rolou Brasil adentro?

• Contas públicas: Governo registra déficit primário de R$ 9,3 bilhões em julho, com saldo negativo da Previdência de R$ 22,5 bilhões.

• Eletrobras (ELET3): Anuncia captação de bonds de 10 anos, com valor entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão, com taxa inicial de 7%.

• Nubank: Levantamento encomendado pelo banco mostra que brasileiros dedicam 7% da vida ao deslocamento, 5% a TV e rádio e 2% a atividades ao ar livre.

• Allos (ALOS3): Expande Shopping Campo Grande com 150 novas operações, adicionando 23,7 mil m² de área locável.

• Netflix: Procon-PR investiga taxas de compartilhamento de senha, classificadas como ilegais e abusivas.

• PagBank e Stone: Morgan Stanley rebaixa recomendações para "venda", com quedas de 6,46% e 5,79%, respectivamente.

O que rolou mundo afora?

• Petróleo: Preço do petróleo bruto dos EUA caiu para $69 após OPEC+ adiar aumento de produção em 180 mil barris por dia.

• Red Lobster: Cadeia de restaurantes de frutos do mar sai da falência com plano aprovado para se recuperar de dívida e queda de clientes.

• Verizon (VZ): Compra a Frontier Communications (FYBR) por $20 bilhões em busca de ampliar sua base de assinantes e competir com AT&T e T-Mobile.

• China: Fusão entre Guotai Junan e Haitong cria a maior corretora estatal do país, com ativos de $230 bilhões.

• NIO (NIO): Ações da montadora de veículos elétricos sobem 14% após prejuízo menor que o esperado, com perda ajustada de $0,30 por ADS.

• Coinbase: Confirma que a plataforma Coinbase Commerce está sendo usada para aceitar doações em cripto para o PAC de Kamala Harris.

• C3.ai (AI): Ações caem 17% apesar da projeção de crescimento de 23% na receita, com queda no fluxo de caixa livre e receita de assinaturas.

• DocuSign (DOCU): Segue avançando em lucros pós-pandemia e foca na próxima fase de transformação.

Além do payroll nos EUA, o mercado está de olho na terra do sol nascente. A valorização do yen pode desencadear um dominó global de desmonte do carry trade, estratégia usada para alavancar investimentos. Se o Banco do Japão elevar os juros, como muitos esperam, o impacto vai ser feio.

Aqui, além da expectativa com a Selic, o foco continua nas negociações da Samarco e no desempenho das commodities. Tudo isso coloca a próxima semana no radar, com potencial para fortes oscilações.

Agenda de sexta-feira, 6 de setembro (horário de Brasília):

• 8h00: IGP-DI (Mensal) (ago.)
  — Anterior: 0,83%

• 9h30: Relatório de emprego dos EUA (ago.)
  — Estimativa: 161 mil vagas | Anterior: 114 mil vagas

• 9h30: Taxa de desemprego dos EUA (ago.)
  — Estimativa: 4,2% | Anterior: 4,3%

• 9h30: Salário por hora nos EUA (ago.)
  — Estimativa: +0,3% | Anterior: +0,2%

• 9h30: Salário por hora (ano a ano)
  — Estimativa: +3,7% | Anterior: +3,6%

• 9h45: Discurso do presidente do Fed de Nova York
  John Williams

• 12h00: Discurso do Fed Gov.
  Christopher Waller

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