💰 Ações fora das listas

+ Natura de volta ao Brasil + o IPO da Figma

Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que quando até os códigos de ações viram armas geopolíticas, é sinal de que o mercado virou território de guerra fria com gráficos em vez de mísseis.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

Deslistagem: a possível saída das ações chinesas dos EUA
 Jerome vs Trump: o novo round na luta pelo Fed
Natura: de volta às raízes 
 Figma: IPO pode finalmente chegar?

GIRO PELO MERCADO

Índice do Medo & Ganância

↓ Dólar

5.8067

-1.00%

↑ Ouro

3442.00

+1.03%

↓ S&P 500

5158.20

-2.36%

↓ Dow Jones

38170.41

-2.48%

↓ Nasdaq

15870.90

-2.55%

Por aqui, até que foi bom o mercado ter tirado um dia de folga ontem. Enquanto as bolsas lá fora desabavam, o Brasil ficou só assistindo de camarote — e, no relativo, até saiu ileso. O índice MSCI de mercados emergentes caiu só -0,02% e o EWZ, que representa a bolsa brasileira em dólar, recuou tímidos -0,08%. No câmbio, o dólar também perdeu força frente às moedas emergentes, com mais capital saindo dos EUA em meio à rotação de ativos.

Lá fora, não teve feriado — mas as bolsas devem ter torcido por um: todas despencaram em meio às trocas de farpas entre Donald Trump e Jerome Powell. Nesse clima tenso, o ouro brilhou e renovou suas máximas, batendo o patamar histórico dos US$ 3.500 a onça. A Tesla, por sua vez, tomou um tombo de -5,73% antes mesmo de divulgar os resultados trimestrais. E a temporada de resultados segue quente: ainda nesta semana teremos números de Alphabet, SAP, IBM, Intel, Boeing e PepsiCo.

GUERRA TARIFÁRIA

Deslistagem à vista?

ações chinesas, bolsas americanas, deslistagem

A guerra tarifária entre EUA e China ainda não tem um cessar-fogo em vista, ao contrário, os ataques de ambos os lados estão cada vez mais intensos. Agora, o próximo campo de batalha pode ser no front de Wall Street com uma crescente pressão para proibir a negociação das ações de empresas chinesas listadas nas bolsas americanas.

Se o plano de proibição for adiante, cerca de US$ 1,1 trilhão de valor de mercado agregado das 286 empresas chinesas listadas nos EUA seriam afetados - o que poderia desencadear um sell-off e um belo terremoto nos mercados globais.

Hoje, investidores americanos conseguem acessar ações chinesas via ADRs (American Depositary Receipts), que são basicamente recibos representando papéis estrangeiros. Bancos americanos compram os ativos na China, “reempacotam” e listam por lá. Também dá pra acessar essas ações via ETFs e fundos.

Entre as centenas de chinesas listadas nos EUA, estão muitas desconhecidas e alguns figurões de peso nesse bolo:

  • Alibaba Group (a Amazon chinesa) com US$ 267 bilhões de marketcap

  • Baidu (o Google chinês) com US$ 28 bilhões de marketcap

  • PDD Holdings (dona da Temu) com US$ 131 bilhões de marketcap

  • Tencent (o Spotify chinês) com US$ 546 bilhões de marketcap

  • JD.com (também conhecida como Jingdong) com US$ 50 bilhões.

Se o ban virar realidade, o caminho técnico seria a conversão das ADRs em ações locais — como as listadas em Xangai. Mas é preciso ser realista: o mais provável é uma venda massiva, com queda generalizada nos preços. Muitas dessas ações têm mais liquidez nos EUA do que em suas bolsas de origem.

  • Segundo o Goldman Sachs, investidores institucionais americanos têm cerca de US$ 800 bilhões alocados em ações chinesas – enquanto chineses mantêm cerca de US$ 370 bilhões em ações dos EUA. Só empresas como Alibaba, Baidu e JD.com têm mais de 25% do seu valor de mercado nas mãos de americanos.

Ou seja: não é só mais um detalhe técnico de listagem. Estamos falando de mais um round tenso na maior rivalidade geopolítica do século. E, como sempre, o mercado financeiro será um dos primeiros a sentir o baque.

P.S. Durante seu primeiro mandato, Donald Trump já havia ensaiado um movimento para tirar empresas chinesas da bolsa americana. Na época, ele chegou a assinar um decreto proibindo americanos de investirem em companhias chinesas que, segundo o governo, ajudavam o exército chinês.

MACRO
  • Europa: ECB, Banco Central Europeu, corta taxas em 0,25%, indo para 2,25%

  • Índia: inflação do varejo cai para a mínima em mais de 5 anos

  • Canadá: Banco Central manteve as taxas em 2,75% e desenha dois cenários para a economia

  • Petróleo: caiu em meio às preocupações de desaceleração econômica.

  • China: Banco Central manteve as taxas de juros inalteradas em 3,1% para 1 ano e 3,6% na LPR de cinco anos.

  • Gás natural: chegou nos níveis mais baixos do ano, depois que a China interrompeu as importações de GNL dos EUA.

VAREJO

De volta às raízes brasileiras

beleza, natura, fim da internacionalização

Depois de quase uma década tentando voar para longe, a Natura está prestes a encerrar seu plano de dominação mundial e voltar para casa. O ponto final pode vir já nessa semana, dia 25, quando os acionistas se reúnem para aprovar a maior guinada estratégica da história recente da empresa.

A ideia? Abandonar de vez o capítulo da internacionalização e focar onde sempre deu certo: Brasil.

As ações da empresa já caíram 75% desde as máximas históricas e a companhia vale hoje R$ 13 bilhões — cerca de 84% menos do que sua máxima histórica em 2021, quando foi avaliada em R$ 80 bilhões.

Entre 2013 e 2020, a companhia saiu às compras e levou pra casa alguns nomes de peso. Mas a conta não fechou e a Natura descobriu, na pele, que administrar marcas globais é bem mais complexo (e caro) do que parecia no papel. Com o ctrl+z ativado, a empresa começou a se desfazer dos ativos internacionais:

  • Aesop: comprada por US$ 70mi em 2012 e vendida por US$2,5bi para L’Oreal em 2023.

  • The Body Shop: comprada por £1 bilhão em 2017 e vendida por £207 milhões para o fundo Aurelius em 2023.

  • Avon: comprada por um valor não divulgado, operando em 36 países mas sob recuperação judicial nos EUA - só no ano passado, a marca queimou US$ 100 milhões em caixa.

Além disso, a Natura dissolveu a holding Natura & Co e levou tudo de volta para dentro de casa. O movimento deve economizar R$ 200 milhões por ano e marca oficialmente o fim do sonho global.

Agora, a aposta é voltar às raízes com uma estratégia multicanal: manter a força das 1,6 milhão de consultoras (as da sacolinha e do livrinho) e, ao mesmo tempo, ganhar presença nos shoppings e no e-commerce.

EUA

Uma luta de Pe$o$ Pe$ado$

trump, juros, banco central americano

Se a política em Washington já é um campo minado, nesse momento o clima por lá tá mais tenso que reunião de condomínio discutindo aumento da taxa. E no centro do ringue? Nada menos que Donald Trump e Jerome Powell, o chefão do Federal Reserve — o banco central americano. 

Os dois protagonizam uma novela digna de House of Cards, recheada de indiretas, ameaças e especulações que deixam o mercado de cabelo em pé.

O que é pior: ser chamado de “Sr. Tarde Demais” ou “Grande Perdedor”? Bom, Jerome Powell conseguiu ambos em um único tweet truth de Trump.

O pivô da treta? A insistência de Powell em manter os juros altos, mesmo com a pressão política e econômica por cortes. E isso, claro, não está sendo bem aceito pelo Presidente. Vamos recapitular:

  • Round 1: Em 2018, Trump nomeou Powell para liderar o FED. A relação começa a azedar quando Powell começa a subir juros para conter a inflação

  • Round 2: Em campanha de reeleição, as críticas de Trump aumentam e ele sugere a demissão de Powell. Mas, pela lei americana, isso só poderia acontecer por motivos de justa causa.

  • Round 3: Mesmo fora da Casa Branca, Trump não tira o olho (nem os dedos) de Powell. Entre truths e entrevistas, ele critica a alta dos juros para conter a inflação pós-estímulo pandêmico..

  • Round 4: De volta à presidência, as críticas aumentam e Trump volta a sugerir que iria demitir Powell. Nesta semana, Trump escalou o tom: "Se eu quiser que ele saia, ele sairá rápido"

  • Round 5: Powell se mantém firme e faz declarações públicas de que não renunciaria mesmo com a solicitação de Trump.

Apesar da disputa parecer pessoal, o buraco é bem mais embaixo. Ela coloca em xeque a independência do Federal Reserve e pode ter repercussões significativas na economia global. Como será o sexto round? Resta ao investidor acompanhar e torcer para que a estabilidade econômica saia vencedora.

P.S.1. O mandato de Powell vai até maio de 2026 e qualquer tentativa de destituí-lo provavelmente acabaria na Suprema Corte.
P.S.2. O mercado de apostas prevê 21% de chances de Trump remover Powell ainda em 2025.

TECH

Figma a caminho do IPO

mercado de ações, design, ipo confidencial

A Figma já viu de tudo nesta vida: rodada seed, série A, série B, série C, série D, série E, foi comprada pela Adobe, teve a compra bloqueada por obstáculos regulatórios e, agora, a startup dos designers decidiu seguir um caminho independente.

O “quase casamento” com a Adobe teria sido a maior aquisição de uma startup de software desde o WhatsApp pelo Facebook. Mas com o fim da história de amor, a Adobe ainda teve que deixar um presentinho de despedida: uma multa de US$ 1 bilhão.

Agora, a queridinha dos designers entrou com um pedido confidencial de IPO nos EUA. Nada de spoiler (ainda) sobre preço ou número de ações. Mas o que já dá pra dizer: ela escolheu um momento ousado, já que o mercado enfrenta instabilidade e já teve outras empresas desistindo da fila, como StubHub, Klarna e Chime.

Mas a Figma parece disposta a tentar. E tem pedigree pra isso:

  • Avaliada em US$ 12,5 bilhões numa rodada secundária em 2024.

  • Recebeu mais de US$ 330 milhões de fundos como Sequoia, Andreessen Horowitz e Greylock.

  • Receita anual recorrente (ARR) de US$ 600 milhões.

  • Base de 4 milhões de usuários, com clientes como Uber, Spotify e Google.

Segundo o próprio fundador, Dylan Field, a lógica é simples: "Toda startup tem dois destinos: ser comprada ou abrir capital. A gente já testou o primeiro…". Agora seria a hora de ver como o mercado reage ao segundo.

Além de trazer liquidez para investidores e funcionários early-stage, o IPO também pode reposicionar a Figma como um dos protagonistas tech de 2025 — se o clima de recepção for favorável, é claro.

Mas vale o alerta: o mercado anda volátil, e esse roteiro ainda pode sofrer alterações. Vai que alguém resolve clicar em “Desfazer” antes mesmo da apresentação começar.

AÇÕES
  • Hertz: Bill Ackman aumentou sua posição para 19,8%

  • Caixa Seguridade: base de investidores institucional dobrou para 2776.

  • UnitedHealth: ação caiu 22% depois de reportar resultados fracos e cortar guidance.

  • Chagee: a franquia de chá chinês faz seu IPO na Nasdaq subindo 15,86% no seu primeiro dia.

  • BTG: pode assumir a concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

  • Salesforce: caiu 4,45% após um downgrade da DA Davidson, dizendo que a empresa está muito focada em IA e não em seu negócio principal.

STATS DO DIA

O trade "Sell America".

Os índices S&P e DXY caindo -5%, com as Treasuries de 10Y subindo 10bps, não aconteciam há 44 anos - os últimos a presenciarem o cenário catastrófico (ou a grande oportunidade) estavam com o terminal aberto em 1981!

Via Igor Chede Collaço

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